Casa de Campo no Alentejo

Fomos conhecer um alojamento local numa casa tipicamente alentejana de nome Império de Memórias e ficámos a conhecer um pouco melhor deste projeto, pela mão da proprietária Isabel Lopes.

Isabel, alentejana da aldeia de Vale de Bordalo no concelho do Gavião, saiu da aldeia aos 22 anos para estudar gestão bancária em Lisboa e meses depois entrou na banca, na capital, onde permaneceu cerca de 3 anos.

Na altura tinha uma filha pequena e resolveu voltar às origens onde estava toda a sua família, pois considerou que teria mais apoio voltando a casa. Ingressou também no mercado bancário por mais de 30 anos, no Alto Alentejo.

Existia uma casa de família em Vale Bordalo, velha e desabitada que lhe ficou de herança. Aos poucos foi recuperando e refere que foi uma remodelação desenhada com o coração do desejo de revitalizar e preservar uma casa de família, cheia de histórias e memórias felizes. Do palheiro e galinheiro nasceram alpendres, nunca perdendo a identidade da casa de família, mas foi sempre dando o seu toque especial, nunca lhe passando pela cabeça que um dia iria transformar esta herança num alojamento local.

Na altura da pandemia surgiu a ideia, através de uma sobrinha, da possibilidade de alugar o espaço porque as pessoas tinham necessidade de ir para o campo, sair da cidade e ficarem seguras num local isolado e sem grandes contactos com pessoas. A partir desta altura foi alugando aos amigos, depois aos amigos dos amigos e rapidamente nasceu o Alojamento Local Império de Memórias Casa de Campo. A Isabel tratou de toda parte burocrática e começou a divulgar o projeto ao mundo.

Esta Casa de Campo está inserida numa quinta, fomentando todos os princípios da sustentabilidade. Dispõe de uma horta biológica que todos os hóspedes podem usufruir com o que mais desejarem, galinhas que põem ovos diariamente e árvores de frutos. Tem ainda um cantinho de ervas aromáticas.

Todos os hóspedes são recebidos com uma cesta de boas vindas com as iguarias que Isabel produz e os ovos biológicos das galinhas da quinta. A casa tem uma capacidade máxima para 8 pessoas, dispõe de 3 quartos, cozinha, sala de estar com lareira e uma piscina para a época mais quente. Por toda a quinta podemos encontrar mensagens inspiradoras, sentimo-nos verdadeiramente em casa e é como se tivéssemos feito uma viagem ao passado e aos nossos ancestrais.

Isabel tem ainda outra paixão, o respeito pela natureza, tendo criado a sua própria linha com o que o campo tem para oferecer. Falamos por exemplo de compotas com os frutos da época e com a produção da quinta. Produz licores com o mesmo princípio, poejo ou limão, folha de Figueira (canuá), foi através deste nome que começou a história e deu origem ao logotipo deste alojamento.

A Isabel é uma excelente a anfitriã e recebeu nos com um sumo de laranja acabado de espremer de uma das suas laranjeiras da quinta e com as suas maravilhosas compotas caseiras.

Foi um prazer termos visitado este espaço, a conversa com a Isabel foi muito franca e emotiva, pois esta anfitriã fala com o coração e tudo lhe sai da alma.

Uma casa de campo de família, para quem queira estar em plena paz do Alentejo, que o convida a uma pausa tranquila em contacto com a natureza. O alojamento perfeito para férias em família e o local ideal para partir à descoberta da magia do Alto Alentejo, tão genuíno, tão cheio de sabor, de simplicidade e de simpatia.


Império de Memórias – Casa de Campo
Rua Nova, 1
Vale Bordalo
6040-078 Gavião

Contacto: +351 938 886 402 (chama para rede móvel nacional)

Email: info@imperiodememorias.pt



Almoço no "Boca d´ Água"

Com água na boca ficámos desde o momento que entrámos neste remodelado espaço em Castelo de Vide. Reabriu com nova gerência e com uns petiscos tão saborosos que nos fazem querer voltar, fazendo jus ao seu novo nome: Boca d´Água

Estivemos à conversa com o empresário Adriano, transmontano de nascença, oriundo da Torre de Moncorvo, que cedo rumou a Coimbra com a sua família e por lá se mantem há cerca de 45 anos.

Um verdadeiro apaixonado pelo alto Alentejo, sempre que podia fazia umas escapadelas à nossa região, até que, após consecutivas viagens por estes lados, resolveu comprar uma casa para o “obrigar”a regressar mais vezes e passar temporadas mais longas.

Adriano, empresário na área da restauração em Coimbra, tinha como ambição descobrir um local aprazível nesta região do Alto Alentejo e, ao mesmo tempo, expandir o seu negócio. Após várias tentativas noutras localidades do distrito, encontrou finalmente o espaço à sua medida na bonita vila de Castelo de Vide e, sem olhar para trás, avançou com as obras de remodelação e rapidamente abriu o Boca d´Água ao público. Castelo de Vide foi um amor à primeira vista e, segundo o proprietário, o local ideal para dar continuidade ao seu negócio.

O Boca d´Água com um menu diversificado à base de petiscos, com uma inspiração simultaneamente clássica e moderna, é um local muito agradável para quem gosta de partilhar sabores com os amigos. Desde petiscos da terra ou do mar, às tábuas, a oferta é diversificada e para todos os gostos. Todos os dias à hora do almoço, há também um prato do dia à nossa espera. No dia que visitámos o espaço, fomos contemplados com o prato do dia, um cremoso risoto de cogumelos, confecionado pelos chefes Jackson e Neli, que nos deixou mesmo com água na boca.

A escolha da decoração com materiais simples e minimalistas, fazem deste espaço um local diferenciado. A música ambiente é escolhida metodicamente para proporcionar um ambiente descontraído e de relaxamento. É neste mesmo ambiente que poderá pedir uma Ginjinha Franciscana e saboreá-la sem pressas, brindando à vida.

Quando questionámos o Adriano sobre projetos futuros, só nos respondeu que tem como ambição a longo a prazo mudar-se definitivamente para o Alto Alentejo, pois sentiu, desde que aqui chegou pela primeira vez, que estava em casa!

A Despensa Franciscana recomenda este local imperdível.


Boca d´Água
Volta de Santa Maria 33,
7320-175 Castelo de Vide
Contacto para reservas: 912 244 433



IAM SENSES com Ana Santos

Fomos até à bonita Vila do Crato conhecer o negócio da Ana Santos, um projeto artesanal verdadeiramente apaixonante, aromático e Alentejano. Um negócio que nasceu de uma grande mudança de vida, que fez com que a mentora deste projeto, trocasse a cidade de Dublin na Irlanda pela vila do Crato no Alentejo, deixando para trás uma vida agitada de hospitais, pois a sua profissão, de enfermeira, tomava-lhe uma grande parte do seu tempo. Convidamos à leitura desta entrevista onde ficará a conhecer um pouco melhor da Ana e do seu negócio e como ter lidado com muitas doenças mentais, ao longo da sua vida, a inspiraram a criar este projeto!

DF: Ana como é que tudo começou e de onde nasceu a ideia de criar este projeto I AM Senses?

AS: Não consigo dizer o momento exato onde tudo começou porque as minhas vivências foram-me sempre incentivando a ser criativa, independente e a ter um negócio. Lembro-me que com a maternidade ainda ficou mais vincado o desejo de estar presente na vida das minhas filhas e de deixar de fazer os horários loucos do hospital. Mais tarde a pandemia veio acentuar este desejo e de trabalhar perto de casa. Foi no final de 2020 que a I AM Senses começa a sair do papel e é lançada ao mundo em Julho de 2021.

DF: E quais os passos que deste para chegar até aqui?

AS: Tantos que nem o telemóvel consegue contar. Eu venho da área da saúde tenho muito pouco background de marketing, redes sociais, gestão, velas, aromaterapia, envio de encomendas...Tantas coisas que já aprendi desde que tomei a decisão de avançar. Algumas vezes tomei decisões menos acertadas e outras em que os resultados ultrapassaram os meus objetivos. O passo maior até hoje foi a mudança de país e trazer um negócio que estava a começar. Ainda hoje percorro este caminho acidentado, mas com um objetivo bem definido. Para teres um exemplo ando às voltas com o shopify por causa da geo location e com isto já passaram meses, mas havemos de lá chegar. Espero que dentro de pouco tempo o site já esteja em português.

DF: Qual foi a tua verdadeira inspiração?

AS: Todos os meus doentes e as pessoas que me rodeiam. Quando procurei um tema para as velas o tema das afirmações surgiu naturalmente. Eu sempre tive contacto com a doença mental e ao longo dos meus anos de enfermeira fui-me cruzando com pessoas com depressão ou que tentaram o suicídio. Outro ponto a ter em conta foi a pandemia e estes números estavam a aumentar. Então pensei que podia tentar fazer a diferença se alguém ao ler o rótulo realmente se sentisse generoso —" I AM Kind" (eu sou generoso) e se isso a fizer sorrir já valeu apena. Imagina receberes de alguém uma prenda a dizer que tu és bonita (I AM beautiful) e se isso se perpetuar durante dias quando te cruzas com a tua vela. Imagina que tiveste um dia menos bom e que precisavas que alguém te disse-se algo agradável...Será que isso não faria a diferença?

DF: Quanto tempo precisaste para fazer experiências até chegar à fase final dos teus produtos?

AS: Não te consigo dizer ao certo porque já tinha feito velas anteriormente. Sei que o meu marido me deu um Kit de velas em 2020 mas não o fiz logo. Contudo neste momento um produto demora pelo menos 3 meses a chegar ao trabalho final. Mas estou sempre a experimentar novas fragrâncias... Ou porque alguém falou sobre ela ou porque fui a uma loja e gostei do cheiro ou porque o nome me agrada e depois vou ler as notas olfativas. Isto é mesmo um mundo!

DF: Quais os teus objetivos para a I Am Senses?

AS: Espero vê-la crescer. Ver os meus produtos em lojas e em casas das pessoas. Ter novamente alguns produtos que deixei de ter com a mudança de país e outros novos. Gostava de ter 12 fragrâncias diferentes e fragrâncias sazonais. Mas tudo ao seu ritmo.

DF: O que diferem as velas I AM Senses das convencionais?

AS: Para além se serem feitas à mão, são feitas em pequenos lotes no meu atelier, no Crato.

As velas da I AM Senses são de cera de soja, uma cera mais natural e que tem uma maior durabilidade que as velas de parafina, por exemplo a nossa vela mais pequena de 100ml pode durar até 20h. Outro aspeto a ter em conta são as nossas fragrâncias de grande qualidade que foram testadas e são certificadas. Podem também notar a diferença na intensidade do aroma para uma vela industrial, contudo este pode ser um fator subjetivo porque pode variar com a sensibilidade de cada um e da dimensão da sala onde a vela esteja a arder.

Em suma, garanto qualidade e uma reação de surpresa para alguém que a recebe.


Casa Pitacas

UM SONHO TORNADO REALIDADE

Fomos até à freguesia de Monte da Pedra, localizada no concelho do Crato conhecer uma verdadeira casa portuguesa, com certeza.

A Casa Pitacas é um alojamento local, situado numa casa alentejana, quase centenária, que foi recuperada pelo casal Rui Cardoso e Rita Pitacas, o primeiro natural da Batalha e casado com a Rita, que não tendo nascido no Alentejo, tem uma série de raízes alentejanas, não só em Monte da Pedra como noutras aldeias vizinhas.

Esta casa, que lhe ficou de herança, pertenceu aos avós da Rita. Em 2018 começaram as obras de recuperação e em Setembro de 2022 abriu ao público a Casa Pitacas. A casa tem todas as características de uma casa alentejana, recheada de objetos cheios de histórias, e de boas memórias, que a Rita guarda dos seus avós.

A pandemia foi o impulso final para que tudo se movimentasse mais rapidamente, pois foi durante este período que o casal veio para o Alentejo “confinar” e, naturalmente, tiveram todo o tempo para pensar nos detalhes deste projeto. Foi neste período de isolamento forçado que o Rui tomou a decisão de mudar de vida e dedicar-se a 100% ao seu sonho. O Rui, na verdade, já era um apaixonado pelo Alentejo, pois desde muito novo que visitava a região, em todas as escapadinhas que a vida lhe proporcionava. Foi por essa altura que se começou a desenhar o sonho de um dia abrir um turismo por estes lados.

Mesmo antes do início da recuperação da casa, licenciou-se em gestão turística e hoteleira já com o propósito de criar o seu próprio alojamento local. E o sonho foi-se tornando realidade. E hoje o Rui deixou para trás toda a actividade profissional que tinha na Batalha para se dedicar inteiramente a ser anfitrião desta lindíssima casa alentejana.

A Despensa Franciscana foi conhecer este local que conta com quatro quartos, sala com lareira, sala de jantar com cozinha, sala de jogos e leitura. Quando está bom tempo, existe uma boa área exterior, com piscina, equipada com um churrasco, onde os hóspedes terão a oportunidade de usufruir da natureza e da calmaria desta aldeia alentejana.

Recomendamos esta escapadinha a todos os que queiram desligar e passar uns dias de puro relaxamento em comunhão com a natureza e com estas paisagens do norte alentejano. Um local verdadeiramente especial, onde nos sentimos mesmo em casa.


Casa Pitacas - Turismo
Rua do Poço
Monte da Pedra - Crato
Tel. 91 705 79 80



Gavião Nature Village

A convite do Gavião Nature Village, situado a poucos km da vila de Belver, juntamente com o nosso parceiro Pedro Capão, a Despensa Franciscana teve a oportunidade de degustar alguns dos pratos de outono/inverno do restaurante deste alojamento.

O Cadafaz Restaurant & Sky Lounge fica situado numa localização bastante privilegiada e com uma vista panorâmica para o Castelo de Belver. Assim que entramos ficamos de imediato rendidos aos encantos que este espaço tem para nos oferecer.

Assim que nos sentamos e nos deparamos com as entradas bem mediterrâneas, abre-nos de imediato o apetite e todos os sentidos ficam alerta à espera do deleite do palato.

Nesta degustação tivemos a oportunidade de provar uma das entradas que está na ementa o ano todo e que é impossível resistir, a farinheira frita, maçã caramelizada e compota de vinho. De seguida fomos contemplados com uma açorda de bacalhau, uma fritada de peixe do rio, de barbo e lúcio-perca acompanhada de uma açorda de coentros. Toda a refeição foi acompanhada com um vinho tinto Athayde da adega Monte da Raposinha e ainda arranjámos um espacinho para o delicioso doce conventual tecolameco.

De acordo com um dos fundadores e da diretora do negócio, este restaurante está aberto a toda a comunidade que aprecie saborear a gastronomia típica da região, os enchidos, os queijos, azeites ou vinhos, independentemente de estarem ou não hospedados no alojamento.

Quando pedimos que definissem em algumas palavras o conceito deste restaurante, a diretora explicou-nos que pretendem ter uma combinação de pratos e receitas tradicionais portuguesas com ingredientes locais frescos e da época. Acreditam que os mais deliciosos pratos são preparados com muita simplicidade, honrando a terra e respeitando a sazonalidade e os melhores ingredientes com uma mão cheia de amor, pratos despretensiosos, mas com todo o sabor, é comer mais do que a terra nos dá, é trazer para a mesa uma comida de conforto, inspirada por métodos e técnicas de receitas que conservam a memória de uma cozinha antiga. Acrescentou ainda que tentam resgatar receitas que cumprem a preceito a base da sustentabilidade e da tradição.

Ficámos rendidos a este local e recomendamos a todos aqueles que queiram ter uma refeição de conforto num local diferente, numa ocasião especial ou simplesmente para os amantes da boa mesa.

Destacamos ainda que o Gavião Nature Village é um alojamento que conta com 10 abrigos de cortiça, 13 tendas glamping, devidamente equipadas e decoradas como se de um quarto de hotel se tratasse. Tem ainda espaço para campismo com tendas próprias e todos os apoios logísticos necessários a este tipo de turismo. Em todas as tipologias de alojamento, este complexo consegue albergar aproximadamente 118 pessoas.

Não podemos deixar de mencionar o Wellness Center desta unidade que ajudará a proporcionar uma experiência tranquilizante e revigorante. O Wellness Center é composto por jacuzzi, hammam e sauna. Ainda existe a possibilidade de usufruir de algumas das melhores massagens para cuidar da Mente Corpo & Alma.

Um local que não pode deixar de visitar. Não se explica. Sente-se.


Gavião Nature Village
Cadafaz
6040-052 Gavião
Telefone: +351 241 247 360
E-mail: rececao@gaviaonaturevillage.com
Website: https://www.gaviaonaturevillage.com/



“Alma Nova” renasce em Alpalhão

Alma Nova renasce, na bonita vila de Alpalhão, no concelho de Nisa, de uma antiga casa secular, já bastante degradada pelo tempo, usada para habitação agrícola.

Pela mão da sua proprietária Dra. Adélia Castelo Branco, médica de formação, herdeira desta casa agrícola, iniciou-se, em 2019, este projeto de transformação para Alojamento Local. A ideia surge e mistura-se com a vontade da proprietária em mudar de vida, trocando a vida agitada da cidade, e a medicina, pela tranquilidade do Alentejo e pela vontade de regressar à terra dos seus antepassados e às raízes familiares.

E, assim, nasceu o Alma Nova, uma herança em ruínas, mas que uma vontade de mudança ergueu e deu vida a este projecto que é já uma referência na vila de Alpalhão.

Segundo a proprietária, este projecto pretende ir mais longe e ser o mais abrangente possível. Como objetivo primeiro pretende-se que os seus visitantes conheçam Alpalhão, a sua história, as suas gentes e as suas tradições e, depois, conhecer toda a esta magnifica região que envolve esta vila.

A experiência começa assim que entramos dentro do espaço. As raízes e as tradições de Alpalhão estão presentes em toda casa. Exemplo disso são os nove quartos, dos quais quatro suites, onde a decoração e os nomes foram minuciosamente escolhidos, para que os hóspedes tenham, de imediato, uma perceção da vila de Alpalhão e dos seus costumes.

Fazer algo pela terra e pelo interior do nosso país, criando um espaço para trazer mais gente à terra das suas origens, contribuindo, com a sua ajuda, para a economia local, é a missão da proprietária Dra. Adélia Castelo Branco.

A Despensa Franciscana ficou rendida a este local e recomenda a todos aqueles que pretendam fazer uma escapadinha pelo Alto Alentejo em ambiente rural, mas sofisticado, com uma anfitriã que diariamente está no local e se preocupa com todos os detalhes para tornar a experiência inesquecível. Adorámos a visita!


Alma Nova
Largo da Devesa, nº 42
6050-030 Alpalhão
Telefone: +351 245 742 027
Telemóvel: +351 961 131 417
E-mail: geral@visitalmanova.com - reservas@visitalmanova.com
Website: https://visitalmanova.com/



Vindima com Rui Reguinga

Num dia, já quase em fim de Verão, fomos ao encontro de Rui Reguinga um dos mais reputados e reconhecidos enólogos portugueses e tivemos a oportunidade de participar numa das suas vindimas nas vinhas velhas, algumas centenárias, na região de S. Mamede. Pusemos mãos à obra e conseguimos perceber alguns dos segredos que dão origem a vinhos de excelência da região do Alto Alentejo, um dos vários locais onde tem a sua própria produção. Numa agradável e simpática conversa ficámos a saber um pouco mais acerca deste famoso Enólogo, e vitivinicultor, reconhecido internacionalmente. Para além das vinhas, tivemos ainda a oportunidade de visitar a sua adega localizada nos Olhos de Água, junto à cidade romana de Ammaia, onde degustámos alguns dos seus vinhos da região, experiência que recomendamos na Despensa Franciscana.

DF: Rui, como começou a sua relação com os vinhos e o que o levou a estudar para ser enólogo e a desenvolver o seu próprio negócio?

RR: Desde muito jovem que ia para o lagar do meu avô pisar as uvas. Nesses tempos não imaginava que a minha profissão seria trabalhar com vinhos, para mim nesses tempos era uma brincadeira de criança.

Esta influência foi importante na minha decisão de estudar no ISA (Instituto Superior de Agronomia em Lisboa).

Mas gosto muito do que faço e sinto-me feliz por ter escolhido a profissão de Enólogo.

DF: Tem havido muitas mudanças nos últimos anos ao nível da produção de vinho, quer em Portugal quer a nível internacional?

RR: Sim, a evolução  da tecnologia nas adegas e o conhecimento das vinhas, tem-nos ajudado a elaborar vinhos mais  apreciados pelo gosto do consumidor.

DF: Analisando o seu percurso de vida e sabendo de todos os locais do mundo em que já prestou consultoria, desde Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Brasil, Chile até ao Sri Lanka, entre outros, como classifica o “terroir” português e as características do nosso clima comparando-as com aquelas realidades?

RR: Portugal tem dos melhores Terroir (clima, solos e castas) para elaborar vinhos de alta qualidade. Pela minha experiência internacional, a grande diversidade de castas que Portugal possui, é a melhor característica dos nossos vinhos. O mercado internacional está muito receptivo a vinhos com castas originais e únicas.

DF: Sabemos que possui a sua própria marca de vinhos, aliás, reconhecida pelos apreciadores de bons vinhos. Sabemos, também, que possui vinhas noutras regiões, além do Alto Alentejo, e por isso gostaríamos de saber em que outras zonas do nosso país desenvolve a sua produção e que vinhos produz nessas mesmas regiões?

RR:  A minha actividade profissional divide-se em actividade de enologo- consultor, onde vendo o meu conhecimento e experiência a produtores que querem fazer o seu próprio vinho,  mas que precisam de um enólogo-consultor que lhes aporte experiência e visão internacional. Por outro lado, tenho a minha actividade de enólogo-produtor, onde tenho as minhas próprias vinhas. Para esta minha actividade criei uma equipa técnica para me ajudar nas várias regiões onde elaboro vinhos e tenho marcas diferentes:

_ Terrassus na região do Douro

_ Tributo na região do Tejo

_ Terrenus na região do Alto Alentejo

DF: Como define os seus vinhos?

RR: São vinhos de Terroir e vinhos de Autor.

DF:  Há alguma casta de uvas, em particular, que lhe dê mais prazer trabalhar?

RR: Gosto muito de trabalhar com as castas Touriga Nacional, como casta nacional, e a casta Syrah nas castas internacionais.

DF: Na sua actividade de vitivinicultor e de enólogo terá, certamente muitas vezes, de tomar decisões importantes e até difíceis. Gostaríamos que nos dissesse, ao longo de todo o processo de produção de vinho, qual o momento, ou a fase de produção, em que é mais difícil de tomar decisões?

RR: A mais difícil é o momento de colher a uva, isto é marcar o dia da vindima.

DF: Numa altura em que tanto se fala nos princípios de sustentabilidade, e protecção dos ecossistemas, quais as medidas que tem implementadas, ao longo das várias fases do seu trabalho, para fazer face a este tema?

RR: Tenho em conversão uma das minhas maiores parcelas de vinha (3ha) para vinha Biológica e, se correr bem, nos próximos anos vou ter todas as vinhas a serem cultivadas em modo biológico, salvaguardando a sua sustentabilidade.

DF: De que forma sente que pode ajudar outros enólogos ou adegas?

RR: Estou sempre disponível a partilhar os meus vinhos e as minhas experiências com os outros enólogos e produtores.

DF: Qual a maior fonte de inspiração para desenvolver o seu trabalho?

RR: O meu pai.

DF: Uma vez que estamos no Alto Alentejo, e numa das suas vinhas nesta região, gostaríamos que nos propusesse uma sugestão de harmonização dos seus vinhos com algum prato típico da nossa zona.

RR: Terrenus  Branco com sopa de cação e o Terrenus Reserva Tinto com o Javali estufado.

DF: Existe já uma geração mais nova que manifeste interesse pelas actividades ligadas à vinha e pelo futuro do vinho?

RR: Sim, temos vários jovens com grande paixão pelos vinhos do nosso país.

DF: O que podemos esperar, no futuro, de um enólogo com a vasta experiência que o Rui possui, aqui para a nossa região do Alto Alentejo?

RR: Espero projectar e valorizar os vinhos de Portalegre, fazendo com que tenham, sobretudo, reconhecimento internacional.



Arroz de farinha de tomate

Ingredientes:

- 2 dentes de alho
- azeite Monte da Colónia q.b.
- hortelã q.b.
- 1 tomate maduro
- 2 colheres sopa farinha tomate Terrius
- 150g arroz agulha
- agua q.b.

Modo de preparação:

Refogar os alhos no azeite.
Juntar o tomate maduro aos cubos
Fritar o arroz com metade da hortelã
Juntar a farinha de tomate Terrius e envolver muito bem com o arroz
Juntar água a ferver e deixar cozer o arroz. No meio da cozedura juntar o resto da hortelã e mexer
Servir quente com qualquer prato de peixe frito ou carne de caça

Bom apetite!


Terrius, com Rita Beltrão Martins

Numa bonita e quente tarde de Verão, fomos até à Portagem, no concelho de Marvão, fazer um piquenique com uma das fundadoras da empresa Terrius, Rita Beltrão Martins, para tentar descobrir um pouco mais sobre esta empresa, que tem como o principal objetivo da sua atividade a preocupação pelo meio ambiente e a produção de produtos sustentáveis.

Esta empresa é parceira da Despensa Franciscana desde o primeiro dia, provando que a partilha entre empresários, sobretudo neste Alto Alentejo, é uma mais valia para os negócios.

DF: Rita, sendo tu uma transmontana de gema, como é que surgiu a ideia de criar uma empresa no Alto Alentejo?

RBM: De facto vivi até aos 23 anos em Trás-os-Montes (em Vila Real), mas a família tem origem no Alentejo – do lado da minha mãe em Portel e do lado do meu pai em Borba - por isso sempre houve um contacto muito grande e admiração por esta zona do país. A ligação a esta região faz-se também pelo meu sócio, Filipe Verdasca, que viveu muitos anos em Évora e a sua família é oriunda de diferentes zonas do Alentejo. A ideia de iniciar o projeto em Marvão começou exatamente pela beleza única desta região, e pelo quanto me apaixonei por Marvão e pela Serra de São Mamede, desde a primeira visita, em 2006. Nessa altura disse “um dia vou desenvolver aqui um projeto e venho para cá viver!”. Esse dia chegou 6 anos depois. Existe sem dúvida uma magia neste lugar que não se explica por palavras apenas se entende vindo cá!;)

DF: E quais os passos que deste para chegar até aqui e qual o teu percurso de vida?

RBM: Sempre tive vontade de trabalhar na área agrícola e alimentar... talvez também por influência familiar, pois várias pessoas na família estão ligadas à agricultura. Comecei por fazer o curso de Eng. Zootécnica, depois fiz o mestrado em Segurança Alimentar e, ao longo dos anos, fui sempre trabalhando em projetos ligados aos produtos tradicionais portugueses. Em 2009, fui responsável pelo desenvolvimento e animação de uma loja de vinhos do Douro, que vendia também outros produtos locais, e percebi a minha paixão por explicar como se fazem os melhores produtos portugueses a quem visita o nosso país. Na mesma altura em que conheci Marvão, tinha também conhecido o Filipe Verdasca, com quem gostei muito de trabalhar e, ao longo dos anos, fomos falando em desenvolver um projeto no Alentejo. Finalmente decidimos que chegava o momento de avançar com o “tal” projeto que um dia tinha ficado prometido a Marvão e, assim, nasceu a Terrius em 2012!

DF: Como defines a empresa Terrius?

RBM: A Terrius é uma empresa focada no sector Agro-Alimentar com três vertentes diferentes, mas que se complementam entre si. Desenvolvemos produtos inovadores e de elevada qualidade, com base nas matérias-primas disponíveis na região do Alto Alentejo e os princípios da Economia Circular, com o objetivo de valorizar os frutos de menores dimensões e outros produtos pouco valorizados como a bolota. Promovemos programas de turismo gastronómico e agrícola, em que o principal foco é dar a conhecer as tradições agrícolas e gastronómicas a quem visita o nosso país. E, finalmente, com toda a experiência que adquirimos ao longo dos anos, temos desenvolvido trabalhos de consultoria e formação na área do desenvolvimento de novos produtos, exportação, economia circular e combate ao desperdício alimentar.

DF: Que tipo de produtos/experiências têm para oferecer aos clientes?

RBM: A família de produtos Terrius é composta por farinhas como a de bolota, castanha ou cogumelo, produtos desidratados como os cogumelos, as conservas e os molhos, como a mostarda de pimento, mas nada como virem até cá fazer uma prova!;)

Quanto às experiências, podem ser por todo o país, temos muitas possibilidades, e podem sempre adaptar-se às preferências de cada um dos nossos clientes. Uma das mais escolhidas são os piqueniques em lugares únicos, muito especiais, acompanhados de Cante Alentejano, em Marvão, Évora, Mourão ou em qualquer ponto do Alentejo. As aulas de cozinha ou as provas temáticas são também muito procuradas! As provas em particular têm muito sucesso, porque o nosso objetivo é mostrar que podemos fazer provas incríveis de muitos produtos, para além do vinho, e ainda visitar os locais de produção, ou ver a colheita dos produtos.

DF: Enquanto empresária alguma vez sentiste dificuldades por te teres estabelecido no interior do Alentejo?

RBM: Muitasssssss!!!!! mas estamos cá para as ultrapassar sempre!! Neste momento a maior dificuldade de todas é, sem dúvida, os custos dos transportes e o período de Inverno, pelo aumento dos custos da energia.

Por outro lado, fomos nós que escolhemos Marvão, pelo seu encanto único, e continuamos a acreditar que podemos ultrapassar todas essas dificuldades.

DF: As parcerias empresariais, como foi o caso da Despensa Franciscana, são importantes para o vosso tipo de negócio?

RBM: São muito importantes e cada vez mais!! Sozinhos não conseguimos nada, nem chegamos a lado nenhum. A promoção dos produtos nos diversos canais e da forma diferente que cada parceiro desenvolve é muito importante para podermos crescer, chegar mais longe e para que mais clientes conheçam toda a nossa gama de produtos e experiências gastronómicas.

DF: O que podemos esperar para o futuro da Terrius?

RBM:  Esperamos sempre um futuro positivo e promissor!! Continuamos a acreditar fazer a diferença no sector da gastronomia e do turismo, em particular no aproximar dos turistas à produção agrícola tradicional, mostrando a sua importância ao nível da preservação das tradições, da natureza e do património. Queremos chegar mais longe e conseguir esta transmissão de conhecimentos não só aos turistas estrangeiros, mas também aos portugueses e em particular às crianças.

Iremos continuar a desenvolver produtos únicos e deliciosos, valorizando os subprodutos, ou recursos esquecidos, como a bolota, e a mostrar ao mundo o que de melhor se faz no nosso querido Alentejo e por todo o país em geral. Acreditamos que o futuro passa por reduzir o desperdício e aproveitar o que a natureza nos dá, sublinhando a importância de não nos irmos todos embora do interior do país, para que este não desapareça ou não acabe totalmente destruído pelos fogos.


Visita à Quinta da Fonte Souto

Estivemos de visita à Quinta da Fonte Souto, situada nas encostas da Serra de S. Mamede, na região de Portalegre e fomos recebidos por Mário Parada, um dos responsáveis do enoturismo do grupo, que nos fez uma visita guiada pela quinta e foi entre vinhas que fomos conversando e percebendo o enorme potencial vínico que esta propriedade possui.

A propriedade pertence ao Grupo Symington Family Estates, uma família de origem britânica que vive e trabalha em Portugal desde o século XIX.  um dos principais produtores de vinho do Porto premium, o principal proprietário de vinhas no Vale do Douro e um dos principais produtores de vinhos portugueses. Este negócio familiar, gerido pela 4ª e 5ª geração, assenta num profundo compromisso com as gentes de Portugal, as suas terras e os seus vinhos. Hoje existem 10 membros da família a trabalhar na empresa, empenhados em produzir os melhores vinhos do Porto e vinhos e com base nas conquistas das gerações anteriores. A aquisição da Fonte Souto em 2017, foi a primeira propriedade da família fora da região do Douro, pois perceberam o enorme potencial desta região do Alentejo.

Esta propriedade situa-se em pleno coração do Parque Nacional da Serra de S. Mamede, entre os 490 e os 550 metros de altitude. É constituída por 207 hectares, dos quais 42 plantados com vinha.  As principais castas são Aragonês, Alfrocheiro, Trincadeira, Alicante Bouschet, Syrah e Cabernet Sauvignon.

A Quinta da Fonte Souto beneficia de excelentes condições, mais frescas que na maioria da planície alentejana e com maiores níveis de precipitação. Os solos são de xisto e granito, proporcionando produções mais baixas de uvas de excelente qualidade oriundas de vinhas maduras.

De forte ligação à comunidade local, ajustam-se à cultura e tradições locais. Apreciam os detalhes e não gostam de fazer nada à pressa para garantir a máxima qualidade dos seus produtos.

A quinta possui ainda uma tradicional casa da herdade e uma grande variedade de área arborizada, como cerejal, olival, castanheiros e sobreiros. Estão neste momento a regenerar 100 hectares de floresta na quinta com espécies de árvores autóctones portuguesas, com o objetivo de proporcionar um refúgio para a biodiversidade e resistência aos incêndios florestais.

Convidamos todos os leitores a conhecer esta fantástica propriedade e as histórias por detrás dos vinhos, fazer uma prova destes néctares na adega e aproveitar toda a área para dar um passeio em família ou com amigos, desfrutando da vista e dos sons únicos desta propriedade. Na Despensa Franciscana tivemos a oportunidade de experimentar alguns dos vinhos da quinta e ficámos rendidos à elevada qualidade dos produtos que este grupo conseguiu alcançar em terras alentejanas.


Contactos:

Quinta da Fonte Souto
Est. de Alegrete
Reguengo e São Julião
7300-404 Portalegre
Tel.: +351 910104292
reservas@fontesouto.com
www.fontesouto.com