Terrius, com Rita Beltrão Martins

Numa bonita e quente tarde de Verão, fomos até à Portagem, no concelho de Marvão, fazer um piquenique com uma das fundadoras da empresa Terrius, Rita Beltrão Martins, para tentar descobrir um pouco mais sobre esta empresa, que tem como o principal objetivo da sua atividade a preocupação pelo meio ambiente e a produção de produtos sustentáveis.

Esta empresa é parceira da Despensa Franciscana desde o primeiro dia, provando que a partilha entre empresários, sobretudo neste Alto Alentejo, é uma mais valia para os negócios.

DF: Rita, sendo tu uma transmontana de gema, como é que surgiu a ideia de criar uma empresa no Alto Alentejo?

RBM: De facto vivi até aos 23 anos em Trás-os-Montes (em Vila Real), mas a família tem origem no Alentejo – do lado da minha mãe em Portel e do lado do meu pai em Borba – por isso sempre houve um contacto muito grande e admiração por esta zona do país. A ligação a esta região faz-se também pelo meu sócio, Filipe Verdasca, que viveu muitos anos em Évora e a sua família é oriunda de diferentes zonas do Alentejo. A ideia de iniciar o projeto em Marvão começou exatamente pela beleza única desta região, e pelo quanto me apaixonei por Marvão e pela Serra de São Mamede, desde a primeira visita, em 2006. Nessa altura disse “um dia vou desenvolver aqui um projeto e venho para cá viver!”. Esse dia chegou 6 anos depois. Existe sem dúvida uma magia neste lugar que não se explica por palavras apenas se entende vindo cá!;)

DF: E quais os passos que deste para chegar até aqui e qual o teu percurso de vida?

RBM: Sempre tive vontade de trabalhar na área agrícola e alimentar… talvez também por influência familiar, pois várias pessoas na família estão ligadas à agricultura. Comecei por fazer o curso de Eng. Zootécnica, depois fiz o mestrado em Segurança Alimentar e, ao longo dos anos, fui sempre trabalhando em projetos ligados aos produtos tradicionais portugueses. Em 2009, fui responsável pelo desenvolvimento e animação de uma loja de vinhos do Douro, que vendia também outros produtos locais, e percebi a minha paixão por explicar como se fazem os melhores produtos portugueses a quem visita o nosso país. Na mesma altura em que conheci Marvão, tinha também conhecido o Filipe Verdasca, com quem gostei muito de trabalhar e, ao longo dos anos, fomos falando em desenvolver um projeto no Alentejo. Finalmente decidimos que chegava o momento de avançar com o “tal” projeto que um dia tinha ficado prometido a Marvão e, assim, nasceu a Terrius em 2012!

DF: Como defines a empresa Terrius?

RBM: A Terrius é uma empresa focada no sector Agro-Alimentar com três vertentes diferentes, mas que se complementam entre si. Desenvolvemos produtos inovadores e de elevada qualidade, com base nas matérias-primas disponíveis na região do Alto Alentejo e os princípios da Economia Circular, com o objetivo de valorizar os frutos de menores dimensões e outros produtos pouco valorizados como a bolota. Promovemos programas de turismo gastronómico e agrícola, em que o principal foco é dar a conhecer as tradições agrícolas e gastronómicas a quem visita o nosso país. E, finalmente, com toda a experiência que adquirimos ao longo dos anos, temos desenvolvido trabalhos de consultoria e formação na área do desenvolvimento de novos produtos, exportação, economia circular e combate ao desperdício alimentar.

DF: Que tipo de produtos/experiências têm para oferecer aos clientes?

RBM: A família de produtos Terrius é composta por farinhas como a de bolota, castanha ou cogumelo, produtos desidratados como os cogumelos, as conservas e os molhos, como a mostarda de pimento, mas nada como virem até cá fazer uma prova!;)

Quanto às experiências, podem ser por todo o país, temos muitas possibilidades, e podem sempre adaptar-se às preferências de cada um dos nossos clientes. Uma das mais escolhidas são os piqueniques em lugares únicos, muito especiais, acompanhados de Cante Alentejano, em Marvão, Évora, Mourão ou em qualquer ponto do Alentejo. As aulas de cozinha ou as provas temáticas são também muito procuradas! As provas em particular têm muito sucesso, porque o nosso objetivo é mostrar que podemos fazer provas incríveis de muitos produtos, para além do vinho, e ainda visitar os locais de produção, ou ver a colheita dos produtos.

DF: Enquanto empresária alguma vez sentiste dificuldades por te teres estabelecido no interior do Alentejo?

RBM: Muitasssssss!!!!! mas estamos cá para as ultrapassar sempre!! Neste momento a maior dificuldade de todas é, sem dúvida, os custos dos transportes e o período de Inverno, pelo aumento dos custos da energia.

Por outro lado, fomos nós que escolhemos Marvão, pelo seu encanto único, e continuamos a acreditar que podemos ultrapassar todas essas dificuldades.


DF: As parcerias empresariais, como foi o caso da Despensa Franciscana, são importantes para o vosso tipo de negócio?

RBM: São muito importantes e cada vez mais!! Sozinhos não conseguimos nada, nem chegamos a lado nenhum. A promoção dos produtos nos diversos canais e da forma diferente que cada parceiro desenvolve é muito importante para podermos crescer, chegar mais longe e para que mais clientes conheçam toda a nossa gama de produtos e experiências gastronómicas.

DF: O que podemos esperar para o futuro da Terrius?

RBM:  Esperamos sempre um futuro positivo e promissor!! Continuamos a acreditar fazer a diferença no sector da gastronomia e do turismo, em particular no aproximar dos turistas à produção agrícola tradicional, mostrando a sua importância ao nível da preservação das tradições, da natureza e do património. Queremos chegar mais longe e conseguir esta transmissão de conhecimentos não só aos turistas estrangeiros, mas também aos portugueses e em particular às crianças.

Iremos continuar a desenvolver produtos únicos e deliciosos, valorizando os subprodutos, ou recursos esquecidos, como a bolota, e a mostrar ao mundo o que de melhor se faz no nosso querido Alentejo e por todo o país em geral. Acreditamos que o futuro passa por reduzir o desperdício e aproveitar o que a natureza nos dá, sublinhando a importância de não nos irmos todos embora do interior do país, para que este não desapareça ou não acabe totalmente destruído pelos fogos.

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